Autumn Rose

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Natal Inesquecível




Nem sei bem porque resolvi falar desse Natal, que talvez tenha sido o mais doloroso da minha vida, mas que também me trouxe um enorme aprendizado.
Não me recordo agora em que ano foi,acho que 88 ou 89 mas já se vão mais de vinte anos. Estávamos num ano muito difícil, meu sobrinho de 16 anos estava com câncer no pulmão e já sabíamos que o fim estava próximo, por isso resolvemos fazer um Natal especial, apesar da tristeza. Nessa época, ele apesar de muito debilitado não estava hospitalizado. Estava fazendo tratamento alternativo em casa. Começamos os preparativos para a festa e ele era o mais animado. Fez questão de montar a árvore comigo e fez muitos, mas muitos planos para a noite de Natal.
Finalmente chegou 24 de dezembro e como todos os anos, nos reunimos em família para comemorar o nascimento de Jesus e por estranha ironia, também nos despedíamos, sem saber, do nosso amado Júnior. Tentamos ter uma noite alegre: trocamos presentes, ouvimos músicas(ele era fã incondicional dos Titãs), fizemos a ceia e naquele dia ele foi liberado para comer o que desejasse, rezamos, pedindo a Deus intimamente que nos confortasse nesses momentos tão difíceis. Meu irmão era o que mais sofria, nitidamente. Não suportava ver seu filho tão jovem e tão belo ser consumido dia após dia pela doença maldita. Mas o menino era um guerreiro, um verdadeiro campeão, nunca se lamentou, nem derramou uma única lágrima sem que fosse pelas dores, nunca pela situação em si. E naquele Natal ele estava radiante, mesmo sem um único fio de cabelo, sorria muito e brincava com todos. Cantava com os Titãs " eu me perdi na selva de pedras, eu me perdi. Homem primata, capitalismo selvagem..." Lembro como se fosse hoje! Eu o amava muito e ele a mim. Tínhamos uma sintonia muito grande, às vezes as palavras não eram necessárias, nos comunicávamos com o olhar. Ele adorava quadros com imagens estranhas e abstratas. Resolvi, naquele Natal, presenteá-lo com um quadro que escolhi no auge da minha emoção. Eram duas figuras entrelaçadas num abraço, a mulher era uma figura humana e o homem metade humano e metade animal, um lobo na verdade. Era lindo e muito expressivo. Não esqueci jamais o que vi em seu rosto quando abriu o presente. Era como se estivesse realizando um sonho! uma alegria que nos contagiou a todos. Seus olhos ganharam um brilho maravilhoso. Apesar de tudo, conseguimos fazê-lo muito feliz na sua última noite de Natal. Júnior nos deixou em abril do ano seguinte.Até hoje nos lembramos do último Natal com o nosso campeão.

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3 comentários:

  1. Por isso acho o Natal uma data triste. Fico animadíssima com a preparação, com idéias para enfeites, presentes e decoração; mas na véspera ou no dia de Natal sinto uma tristeza imensa, talvez porque tento resgatar a magia que ele representou em minha infância, mas hj,já com os filhos crescidos,olho em volta e noto a ausência física de pessoas tão queridas,ai bate aquela tristeza enorme e muitas saudades.

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  2. É verdade querida, sinto o mesmo. quando nossos filhos são crianças existe uma magia muito forte nessas datas, mas ao crescerem, tomam seus rumos e nos deixam um imenso vazio, e isso é muito doloroso. Um grande abraço.

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  3. Lembro com saudade dos natais em que nos reuníamos, eram sempre muito animados esse em especial me traz a dolorosa lembrança do último natal do Juninho,embora de certa forma não tenha perdido a alegria que sempre foi a marca registrada da nossa família, tinha um tantinho de tristeza, porém fácil de ser contornada já que não queríamos passar para ele nenhum sentimento que não fosse alegria.

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